Record de velocidade me percurso de ida e volta de 500km - marca atingida de 128,8km/h.

http://www.onlinecontest.org/olc-2.0/gliding/flightinfo.html?dsId=2158492

Recordes de velocidade são uma delícia. Conjugam tudo de bom de uma prova em um campeonato, com a liberdade que os recordes proporcionam. Se tudo desse certo, seria um vôo curto, menos de 4 horas, então não precisaria dar a largada muito cedo - calculei que perto das 13:00 estaria legal. Então decolei bem cedo, pois o melhor lugar para descansar é dentro da cabine do seu planador. A minha rota de ida e volta era para o oeste (entre Jales e o fim do estado de SP), que estava comprometida por Cirrus: o resto já formado, e o setor W completamente azul. Bem, a rota tinha que ser para lá mesmo, eu não tinha pressa, então o negócio era esperar o dia melhorar. Resolvi fazer um ida e volta de 170 km para o Norte, para testar a meteoro. Mesmo não voando muito alto, fiz 125km/h nesse bate e volta e vi que havia sim potencial no dia para o Record ser batido. Me posicionei, e dessa vez larguei certo: perto da VNE e a 1.200metros. Fui gerenciando a média, que ficava entre 122km/h e 125km/h. A uns 100km do ponto, o cirrus começou a piorar a situação, confundindo o visual: as nuvens que antes eram do tipo "carneirus" começaram a esfiapar, e junto com o vento de través, ficava difícil acertar as térmicas de primeira. E nem de segunda, e nem de terceira. Acho que dei muita sorte porque confesso que em 2 momentos que eu realmente precisei (estava ficando baixo, e sem opção interessante adiante), fui pego por térmicas que eu não fazia a menor idéia de porque elas estavam lá, de onde vieram. Foi interessante que nestes dois casos, o meu IMC (índice de macheza corpórea) já estava se reduzindo a níveis alarmantes e eu estava de fato com a mão esticada tocando o anel de maccready para reduzi-lo para algo mais frouxo, quando as térmicas de 3.0m/s me pegaram e eu fiquei com aquela cara de bobo dentro do cockpit. Uma das opções que tinha pensado na noite anterior era tentar o Record de distância ida e volta (820km) para o Oeste, mas o XC Skies me disse que não era uma boa idéia. E ele estava certo, virando o ponto perto do Mato Grosso do Sul, a situação depois do rio estava horrível, o cirrus tinha engrossado e era um festival de azulões e fiapos. Virei o ponto a 250km fora com 126km/h, agora era caprichar para não deixar a média cair, o que foi possível com uma certa ajuda da sorte de novo já que uns buracões azuis iam aparecendo e eu continuava a conseguir subir na última possibilidade antes de ter que atravessá-los. Na chegada, eu vi que cerca de 10km fora de Bebedouro estava muito bom. Ou seja, ia ser um planeio final garantido, mas turbulento. E de fato foi, cruzei com vários urubus no planeio final, e achei melhor reduzir um pouco a velocidade, acabando por chegar a 400metros de altura, ou 200 metros mais alto do que deveria. Subi e continuei voando, para descansar mais um pouquinho na cabine do Nimbus (basicamente uma "poltrona do vovô" com asas). Voei 8:13hrs, 872km OLC. Bati o Record Nacional que era do saudoso Wolf Gabler (122.8km/h), uma marca impressionante uma vez que ele estava voando de Discus, com 10 metros de asa a menos que eu. Para se ter uma idéia do que isso representa: 122.8km/h em um percurso de 500km equivale a um índice térmico de cerca de 4.8m/s para um Discus. Com esse IT, eu deveria ter feito algo como 136 km/h, para empatar com o Wolfi, se fosse um campeonato. E obviamente não bati o Record Brasileiro do Karl, no strike que ele fez a 171km/h no ida e volta de 1.000km, uma marca que o fez bater 6 recordes de uma só tacada.